A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) concedeu entrevista à Rádio Vaticana na manhã deste dia 4 de dezembro. O arcebispo de Brasília e presidente da CNBB, cardeal Sergio da Rocha, disse na entrevista que é uma grande graça a presidência da entidade se encontrar com o sucessor de Cristo, o papa Francisco. Lembrou que é uma prática os papas receberem a presidência da CNBB e destacou que o papa Francisco demonstra muito carinho com a Igreja no Brasil, com o povo e o episcopado brasileiro.
O presidente lembrou ainda que além do papa, a presidência da CNBB também se encontra com alguns Dicastérios da Cúria Romana. “Trata de um momento especial para expressar e reforçar, sempre mais, a comunhão que nos une à Sé Apostólica, especialmente ao Papa”, disse. Segundo o bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, esta reunião com o papa expressa a comunhão do episcopado brasileiro e suas preocupações. “Refirmamos diante do Santo Padre a fidelidade e a comunhão dos bispos do Brasil”, disse.
“Uma conversa entre amigos com um irmão mais velho”, assim o arcebispo de Salvador (BA) e vice-presidente da CNBB, dom Murilo Krieger, definiu como foram recebidos pelo papa Francisco em audiência em Roma. “O papa Francisco quis saber que processos a Igreja no Brasil está vivenciando e quais os desafios enfrenta”. Dom Leonardo destacou ainda o bom humor e a tranquilidade do papa. “O papa agradeceu tudo a que a Igreja no Brasil faz pela Igreja”.
No encontro com o Sumo Pontíficie, a presidência da CNBB enalteceu o carisma do papa e o carinho que o povo brasileiro expressa por ele, inclusive pessoas que nem mesmo professam alguma religião. “O papa aponta para a necessidade de uma convivência social mais tranquila e mais urbana”, ressaltou o secretário-geral. Isto se deve, segundo dom Leonardo, pelo fato de o papa ser transparente em sua humanidade e profundamente coerente na sua fé.
Sínodos 2018 e 2019 – Um dos temas da entrevista, foi o Sínodo dos Bispos sobre a juventude e o testemunho da “sinodalidade”, o caminhar juntos, na unidade, no diálogo e no esforço, de assumir juntos, a missão da Igreja. “O que a Igreja faz durante o sínodo – ser um grande momento de escuta e comunhão em vista da missão evangelizadora – deveria ser vivido em todos os níveis”, disse o cardeal Sergio. Sobre a juventude, o cardeal ressalvou que é necessário partir da realidade dos jovens em cada paróquia e de suas situações concretas.
O Sínodo da Amazônia, em 2019, também foi objeto da conversa dos bispos com a Rádio Vaticana. O cardeal disse que o Sínodo não se resume apenas nos dias do evento em Roma, mas que a fase pré-sinodal tem sido muito valorizada. “O Sínodo para a Amazônia já está em curso com uma fase preparatória nas dioceses e prelazias que se encerra em fevereiro de 2019”, disse.
Dom Leonardo lembrou que tem havido quase uma “despreocupação” com os povos indígenas um dos temas a ser abordado no Sínodo 2019. Segundo o secretário-geral da CNBB, é um momento preocupante para as questões indígenas no Brasil a proposta de a Fundação Nacional do Índio ser vinculada ao Ministério da Agricultura, espaço do agronegócio que tem interesses em áreas indígenas. “Nós, enquanto CNBB estamos acompanhando os processos no Supremo Tribunal Federal, inclusive participando de audiências com grupos indígenas com os ministros. Também temos acompanhado grupos indígenas no diálogo com o poder Executivo”, disse.
Sobre a alegação de que a CNBB não tem se posicionado sobre temas da realidade, o presidente da CNBB disse que a entidade tem se manifestado com frequência. Em sua avaliação, o que existe é que nem sempre se divulga suas manifestações e muitas vezes lhe atribuem aquilo que não é da sua competência. “Nós temos nossa missão que é Evangelizar, e ela inclui a dimensão profética. Nós temos feito, pronunciamentos ao longo de todos estes anos, em favor dos pobres, mais vulneráveis, das pessoas mais sofridas. Fazemos isto, não por ideologia ou questão partidária, mas porque está no coração do Evangelho: a caridade, a solidariedade e o serviço”, disse.
O presidente da CNBB lembrou que a entidade não se manifesta sobre a pessoa de governantes, mas sobre a realidade brasileira. “Independente do cenário político, a CNBB continua sua missão, aberta ao diálogo com as autoridades, mas cumprindo sempre a sua profética de orientar a caminhada evangelizadora da Igreja e também de denunciar aquilo que vai contra o Evangelho e à doutrina social da Igreja. Nós não temos medo de fazer isto não”, disse.