Na manhã da quarta-feira, 3 de maio, foi celebrada na capela Nossa Senhora Aparecida, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), uma missa em ação de graças pelos quatro anos de serviço prestado à Conferência pelo bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro e ex-secretário da entidade, dom Joel Portella Amado.
Na 60ª Assembleia Geral da CNBB, realizada em Aparecida (SP), de 19 a 28 de abril, dom Joel renunciou à possibilidade de ser reeleito como secretário-geral, alternativa prevista no Estatuto da entidade. O bispo de Rio Grande (RS), dom Ricardo Hoepers, foi eleito para o cargo.
A eucaristia foi presidida por dom Joel e concelebrada pelo núncio apostólico no Brasil, dom Giambatistta Diquattro, pelo bispo de Camaçari (BA), dom Dirceu de Oliveira Medeiros, e por padres assessores e convidados. Na acolhida aos participantes, o subsecretário adjunto de Pastoral da CNBB, padre Marcus Barbosa, destacou a intencionalidade da celebração: “celebrar e agradecer com muita alegria a vida de dom Joel, nosso irmão, a tudo que ele fez nestes quatro anos entre nós e aos frutos que semeou aqui na sede da CNBB “.
“Enxergar a realidade com os olhos da fé”
Em sua homilia, dom Joel reconheceu a riqueza do trabalho desenvolvido pelos colaboradores na sede e afirmou que “se chegamos onde chegamos é porque Deus nos uniu”. Fazendo relação com as leituras do dia, o prelado ressaltou que, durante o tempo como secretário-geral, buscou enxergar a realidade, incluindo os problemas e momentos de dificuldades, com os olhos da fé e a partir do coração de Cristo ressuscitado.
O prelado apontou os momentos que mais o marcaram neste tempo, como o dia 20 de março de 2020 no qual foi necessário, por questões sanitárias decorrentes da covid-19, enviar todos os colaboradores e assessores para suas casas. “Foi sem dúvida um tempo de grande dificuldade. Estávamos, parece, que numa guerra, contra um inimigo invisível. Já nem mais podíamos nos abraçar”, disse. E mesmo neste tempo de dificuldade, o bispo auxiliar do Rio de Janeiro disse que procurava enxergar os sinais de Cristo ressuscitado.
Dom Joel lembrou também da solidariedade entre os colaboradores e assessores da CNBB nos momentos de falecimento de membros da entidade, entre eles a Carlita Rodrigues, que fez sua passagem há quatro meses. “No meio de toda dor, há sempre uma resposta de vida. A fé nos ensina a ver em todas as coisas os sinais de Deus. O dia a dia desta casa não é marcado por competição, mas pela solidariedade”, disse.
O bispo destacou ainda a proximidade de vizinhança e comunhão com o núncio apostólico no Brasil e pelas comunidades da arquidiocese de Brasília, lembrou das dificuldades do início de sua gestão como secretário-geral compartilhadas com o então padre Dirceu, seu subsecretário adjunto geral à época. “Em várias situações sentimos medo, mas juntos com Deus, nosso pai, fomos capazes de fazer muito”, ressaltou.
Homenagens e reconhecimento
Dom Dirceu de Oliveira Medeiros disse que dom Joel, no secretariado geral da CNBB, soube valorizar e potencializar os diferentes dons numa espécie de “pentecostes”. Ele destacou ainda que o ex-secretário-geral da CNBB soube criar um clima agradável e positivo de trabalho. “Neste tempo todo, nunca vi dom Joel triste”, disse. O bispo de Camaçari (BA) disse ainda que dom Joel ungiu a todos na CNBB com o óleo da alegria, tema caro ao Papa Francisco.
“Entre aqueles que creem em Cristo, não há despedidas”, assim o subsecretário adjunto geral da CNBB, padre Patriky Samuel Batista, iniciou as palavras com as quais, em nome de todo o secretariado geral, agradeceu a dom Joel pelo tempo dedicado à Conferência.
“Aqui dom Joel, os vossos pés escolheram o caminho da proximidade, do cuidado, do amor. (…) Cada um de nós que conviveu com o senhor nestes anos se encontra hoje melhor. Aprendemos que é possível cultivar o bom humor sem perder o compromisso com a excelência nos serviços prestados”, destacou.
Padre Patriky reforçou ainda que a “disponibilidade, proximidade e a humanidade são marcas de dom Joel. O subsecretário adjunto geral reforçou ainda o trabalho da construção coletiva levada a cabo pelo bispo. ” Como o senhor mesmo gosta de dizer: ‘não sei fazer diferente’. Não sei trabalhar se não for em equipe, se não for escutando, não sei decidir se não for ponderando, não sei viver a missão se não for em comunidade, estabelecendo laços, fortificando vínculos, concretizando a comunhão em tempos tão difíceis”.
Promotor da comunhão na Igreja
O representante do Papa no Brasil, dom Giambatistta Diquattro, disse que quando foi anunciado que viria ao Brasil as pessoas lhe perguntavam se por conta do tamanho do país, ele não teria dificuldade de acompanhar a Conferência brasileira e ele respondeu que “não” porque a CNBB está fisicamente ao lado da Nunciatura em Brasília (DF).
Dom Giambatistta disse que mais que um professor, lembrando do tempo em que dom Joel dava aulas na PUC Rio, o ex-secretário geral da CNBB foi um facilitador do discernimento do Espírito Santo na ação da Igreja no Brasil.
O núncio disse ainda que dom Joel buscou consolidar, neste tempo, a comunhão na Igreja, caminho no qual insistiram os papas Paulo VI e João Paulo II e agora, com a Sínodo da Sinodalidade, proposto por Francisco, a Igreja está percorrendo. “Obrigado dom Joel por sua presença, comunhão e fraternidade”, agradeceu o núncio.
Ao final da celebração, os colaboradores ofereceram presentes em sinal de gratidão ao bispo auxiliar do Rio de Janeiro e foi servido um almoço aos convidados.