Romaria de Benigna: Dom Pastana, bispo de Crato, traz boa notícia para os devotos



 



“Como um jovem poderá conservar puro o seu caminho? Observando a tua Palavra” (Cf. Sl 119,9). A recomendação do Salmista adapta-se bem à experiência humana e espiritual da jovem Benigna Cardoso, de Santana do Cariri, que, futuramente, pode ser considerada a primeira beata do Ceará.


A notícia de que esse processo está cada vez mais próximo foi anunciada, com grande júbilo, pelo bispo diocesano de Crato, Dom Gilberto Pastana, em concelebração eucarística ao fim da tarde desta quarta-feira, 24, durante a décima quinta edição da Romaria dedicada à Serva de Deus.


“A grande notícia que nós devemos nos alegrar e que queremos, hoje, rezar e agradecer a Deus: semana passada, a Comissão de Teólogos, reunida, estudou o processo de Benigna e aprovou! Falta, agora, a Comissão dos Bispos e, depois, o Papa. Então, continuemos rezando para este grande acontecimento. Do jeito que está caminhando apressadamente, não demoraremos a ter a primeira Beata do Estado do Ceará”, anunciou, confiante.


Para o pároco de Santana do Cariri, Padre Paulo Lemos, esse é um processo importante e causa de grande alegria para os devotos, que aumentam a cada romaria. “Ela caiu nas graças do povo. Era uma pessoa humilde, simples, mas essa identidade com o sofrimento de Cristo, capaz de fazê-la doar a própria vida, fez o seu testemunho se expandir para outros lugares”, afirmou.


Entenda o processo


Em junho deste ano, quando Dom Gilberto esteve em Roma, recebeu do postulador da causa de Benigna, professor Vittorio Capuzza, um conjunto de documentos utilizados no processo, chamado de “Positio Super Martyrio”, isto é, “Posição sobre Martírio”. Essa fase, considerada a mais demorada, já foi concluída. Nela, a vida da candidata passa por uma análise criteriosa, tanto que o estudo é distribuído em seis capítulos, perfazendo um total de 204 páginas.


Quatro meses depois, a “Positio” é analisada por uma comissão de teólogos, que faz aceno positivo para a continuação do processo. Agora, ele segue para nova análise, dessa vez feita por uma comissão de bispos. Se estes também forem favoráveis, aí já acontecerão os preparativos para a beatificação, uma vez que Benigna é considerada mártir e, para o martírio, desempenam-se os milagres.


Ainda assim, a cada romaria observa-se um número cada vez maior de devotos com seus testemunhos de graças alcançadas e trajando um vestido semelhante ao que Benigna usava no dia de sua morte: vermelho com bolinhas brancas. Para o pároco Padre Paulo Lemos, tudo isso se deve ao gesto heroico demostrado por ela, ao preferir à morte, em lugar de perder a pureza de seu corpo. “Essa resistência na fé ficou muito viva no coração do povo”, considerou.


Benigna, atualmente, é considerada “Serva de Deus”. O título foi recebido em janeiro de 2013, quando o processo foi oficialmente iniciado. A notícia da aprovação na comissão dos teólogos é um novo motivo para os devotos darem glória a Deus pela obra que realizou em Benigna, sobretudo, os numerosos peregrinos vindos do Cariri Cearense e até de outros lugares da região Nordeste.


Romaria 2018


A Romaria da Serva Benigna começou no último dia 15. Nela, os devotos fizeram memória a duas datas: o aniversário natalício (90 anos, se ela estivesse viva) e os 77 anos do martírio. A conclusão aconteceu nesta quarta-feira, 24, com uma intensa programação. Logo cedo, às nove da manhã, os fiéis se reuniram no Memorial da “Heroína da Castidade”, onde participaram da Celebração Eucarística. Às onze, puseram flores no túmulo da jovem, localizado ao lado da porta central da Igreja Matriz de Senhora Sant’Ana, na tradicional “Missa das Flores”. Outro momento forte de devoção é o trajeto entre o Bairro Inhumas, onde está o memorial, até a Matriz. Lá, foi rezada a última missa do dia, sob a presidência do bispo Dom Gilberto, concelebrada por todos os padres da Diocese de Crato.


Por Patrícia Mirelly com fotos de Rozelia Costa