PECADOS ECOLÓGICOS

O tema dos “pecados ambientais” apareceu no segundo dia  do Sínodo da Amazônia quando um dos participantes  afirmou diante do Papa, “que preciso aprofundar e divulgar uma literatura teológica sobre os pecados ecológicos”. (cf. M. Oliveira, Folha de S. Paulo). “Foi prenunciada uma conversão ecológica que faça perceber a gravidade do pecado contra o meio ambiente como um pecado contra Deus, contra o próximo e as futuras gerações” (cf. Relatório do Vaticano). É provável que este tema vá fazer parte do documento final aparecendo para voto no dia 25 de outubro e entregue ao Papa Francisco. A decisão final será com o Papa.

Numa das entrevistas coletivas diárias do Sínodo no dia 11, próximo passado, Dom Pedro Brito Guimarães, Arcebispo de Palmas disse: “A defesa do meio ambiente não é uma questão do Partido Verde, de uma ONG ou de alguém que se encantou. É uma questão vital. Ou nós cuidamos da nossa natureza ou estamos  comprometendo a condição da nossa vida, estamos fazendo uma coisa séria: pecando contra o Criador”. O purpurado continuando afirmou: “É preciso ter consciência, formação ecológico, desde a criança na catequese, desde a escola”. Segundo a reportagem da Folha de S. Paulo 20/10/2019: “Dom Pedro defende também uma reflexão da Igreja sobre como incorporar os “pecados ecológicos” no sacramento da Penitência”. É interessante notar que as palavras “pecados ecológicos” não apareceram no “Instrumentum Laboris”  do Sínodo da Amazônia, embora o referido documento em seu nono capítulo fala muito sobre “a conversão ecológica”. Na encíclica “Laudato Si” do Papa Francisco conhecido como “a encíclica verde”, a conversão ecológica é um tema muito forte.

O Jesuíta Afonso Murad, Professor de teologia da Faculdade Jesuíta, em Belo Horizonte, especializado em eco teologia disse: “Segundo o Papa Francisco, a conversão ecológica desperta em nós aquilo que a gente não tinha consciência ainda, isto é, que as nossas ações têm impacto social ambiental, e se traduz inclusive nos gestos relativos ao consumo, do nosso cotidiano, na economia de água e energia”. Irmão Murad também afirmou que “a questão mais importante não ficar listando pecados ecológicos, mas perceber que somos responsáveis para a continuidade da vida de nossa casa comum”. Portanto, o que ele disse “não se restringe somente à Amazônia, mas a todo o planeta”.

Porém, uma palavra de cuidado vem do Professor Joannes Grohe, professor da Historia da Igreja da Pontifícia Universitá  dela Santa Croce, em Roma.  Ele disse: “Que só a teologia da criação pode não ser suficiente para estabelecer os novos pecados. O conceito do ‘pecado ecológico’ deve ser tomado com cautela porque o modo certo de agir também depende dos resultados de pesquisas científicas. Não convém que a Igreja fixe tais pecados sem um consenso claro sobre as causas da poluição ambiental e o esquecimento climático”.

Então este assunto provavelmente será colocado em debate no Sínodo. É importante lembrar que somente os bispos votam no Sínodo. A assembleia sinodal é realmente um encontro com competência consultiva, mas não deliberativa. Os bispos votam seguindo suas consciências e, com base em suas conclusões e comentários sinodais, o Papa Francisco iluminado pelo Espírito Santo publicará o documento final. Sem dúvida o pontífice formará uma equipe de especialistas em teologia moral para clarear mais a complexidade deste importante assunto.

Pe. Brendan Coleman Mc Donald

Redentorista

imagem ilustrativa: internet