O que Suzano nos faz pensar


Não se responde à insanidade e à estupidez com bravatas. O momento requer políticas públicas capazes de responder adequadamente às necessidades da sociedade


Dom Jaime Spengler Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre e presidente do Regional Sul 3 da CNBB


 


      A cultura contemporânea é permeada por situações e desafios que provocam uma difusa “emergência educativa”. A educação dos indivíduos e sua formação nos verdadeiros ideais que sustentam e regem a convivência pacífica numa sociedade democrática é desafio que toca quem acredita na construção de um mundo justo e fraterno.


 


    Há o processo educacional acadêmico convencional. Há também um processo que marca a constituição do indivíduo, nem sempre suficientemente considerado pelo ambiente acadêmico. Trata-se da dimensão humana das emoções, hábitos e aspirações, difícil de ser caracterizada.


    A educação formal que recolhe informações contribui para o aprimoramento cultural, desenvolvendo valores externos e aquisitivos para o consumo imediato. Já os desafios éticos e comportamentais que implicam as estruturas íntimas da pessoa necessitam de abordagem adequada. É neste âmbito que se encontra o urgente antídoto à violência e à vulgaridade, presente em variados setores da sociedade.


     Constata-se o crescente número de órfãos filhos de pais vivos, de adolescentes e jovens que se automutilam, se drogam e se suicidam. Esses números expressam situações complexas diante das quais a sociedade não consegue responder adequadamente.


     A tragédia de Suzano requer atenção. Somente com o engajamento de quem acredita nos valores da paz, do respeito e do cuidado de uns para com os outros, será possível superar a crescente cultura da violência, promovida por setores da sociedade.


     De um lado, a instituição familiar é achincalhada por expressões ideológicas obscuras. De outro, se encontram as instituições de ensino fragilizadas de tal modo que falta o mínimo necessário para que professores e educadores possam levar a bom termo sua missão.


      Não se responde à insanidade e à estupidez com bravatas. O momento requer bom senso e disposição para contribuir na promoção de políticas públicas capazes de responder adequadamente às necessidades da sociedade.