Cinco de fevereiro de 2018. A Diocese de Crato louva e agradece a Deus pelo dom da vida do Monsenhor Ágio Augusto Moreira, que chega ao patamar de seu centenário, exemplarmente fiel aos propósitos firmados diante do altar do Senhor.
Comemorar tão notável e honrosa data a todos impele oferecer um dom. “Sobretudo quem convive com ele é agraciado com sua presença benéfica, leal e discreta, por sua palavra franca e objetiva, por sua ternura viril e equilibrada”, disse o bispo diocesano Dom Gilberto Pastana, que fez memória à vida e ao trabalho pastoral do Monsenhor Ágio, na concelebração eucarística, ocorrida na manhã desta segunda-feira, dia cinco de fevereiro.
Conduzida por cantos gregorianos, à cerimônia solene estiveram presentes o bispo emérito de Floriano – PI, Dom Augusto Alves da Rocha, padres, diáconos, seminaristas, religiosas, agentes de pastorais e movimentos, familiares, amigos e autoridades municipais.
Trajando batina marrom e sua costumeira boina, o ilustre clérigo chegou em cadeira de rodas, aclamado pelo povo, sob acenos de lenços brancos e a voz do afinado coral da Sociedade Lírica do Belmonte, Solibel, instituição fruto de sua experiência religiosa com a música, por meio da qual dedicou parte de sua vida. E nada disse durante a Santa Missa, a não ser um trecho da Oração Eucarística. Permaneceu o tempo todo compenetrado, com olhos fitos no horizonte, embora atento ao que ocorria à sua volta.
Vida tocada pela música
Padre Ágio tornou-se “monsenhor” em 2003, por indicação do bispo Dom Fernando Panico, sob o consentimento do Papa João Paulo II.
Antes de fixar morada no distrito Belmonte, passou por diversas paróquias e foi também professor do Seminário São José. A inspiração que o levou a fazer da música seu objeto de evangelização surgiu na Paróquia Nossa Senhora das Dores, em Jamacaru, ouvindo o canto dos apanhadores de algodão. Da inspiração surgiu a Solibel, mantenedora da Escola de Educação Artística Heitor Villa Lobos e da Orquestra Sinfônica Padre Davi Moreira, nome em homenagem ao seu irmão mais velho.
Com uma vida inspirada na simplicidade, tocada pela epifania do mistério divino presente na música, ele chega à efeméride de seu centenário com uma vivacidade e lucidez que impressionam. Tanto que, no ato de aniversário, lançou a obra “Padre Cícero Romão Batista: O maior líder espiritual do Nordeste Brasileiro”.
A comemoração centenária serve de encorajamento e estímulo tanto para outros padres quanto para aqueles que aspiram à vida sacerdotal. “A marca, a presença do Monsenhor Ágio em nossa vida deu-se por meio da música e da formação. Então, só podemos agradecer a Deus e ficar felizes pelos cem anos da sua vida”, disse Monsenhor Bosco Cartaxo, reitor do Santuário Eucarístico Diocesano e aluno do aniversariante na década de 1950. O seminarista Francisco da Paz, parente de terceiro grau do sacerdote centenário, considerou: “É uma alegria trazer as mesmas raízes vocacionais, tendo-o como exemplo de padre, de escritor e daquele que dá sua vida aos pobres através da arte e através da música”.