Dom Ailton Menegussi
Bispo Diocesano de Crateús-CE
Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial
As Pontifícias Obras Missionárias (POM) têm a responsabilidade de organizar a Campanha Missionária, realizada sempre no mês de outubro desde 1972. Colaboram nesta ação a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio da Comissão Episcopal para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial, e outros organismos que compõem o Conselho Missionário Nacional (COMINA).
Com o tema: “Jesus Cristo é missão”, e o lema: “Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (At 4,20), celebraremos o Mês Missionário de 2021 em nossas Comunidades Eclesiais que são chamadas a serem, cada vez mais missionárias.
O presente momento, nos coloca diante da ainda preocupante realidade da pandemia do novo coronavírus e suas muitas consequências na vida de nosso povo e nossas comunidades, colocando às claras e ampliando ainda mais o sofrimento, a solidão, a pobreza e as injustiças de que tantos já padeciam, desmascarando nossas falsas seguranças e desnudando a fragilidade humana planetária.
No Brasil, cerca de 600 mil vidas já foram ceifadas pela pandemia da Covid 19. E ainda há ameaças de novas variantes e a sempre ameaça daquelas pessoas inconseqüentes, que insistem em ignorar o sofrimento alheio, comportando-se de modo irresponsável, sem observar quaisquer normas de segurança sanitária. Mas, o que isso tudo tem a ver com Missão, com a nossa fé cristã?
Jesus é Missão! Por isso, nossa vida também deve ser Missão! Parece que aí está o ponto de partida para a missão da Igreja, dos batizados: as situações, as circunstâncias pessoais e comunitárias locais e mundiais que atingem o concreto da vida das pessoas é o campo da missão. Missão não é algo aéreo. Tem a ver com as realidades e os desafios do mundo de hoje: econômicos, sociais, políticos, culturais, ecológicos, religiosos.
Tendo presente que a Igreja é essencialmente missionária e, que Missão tem a ver com todas estas realidades da vida, então a missão tem de ter presente estas realidades. Não é possível anunciar e testemunhar Jesus Cristo alheio a estas situações. Esta, sim, seria uma missão aérea.
“Eu vi muito bem a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu clamor contra os seus opressores, conheço os seus sofrimentos. Por isso, desci para libertá-lo do poder dos egípcios…”(Ex 3,7-8); “Jesus viu uma grande multidão e teve compaixão, porque eles estavam como ovelhas sem pastor” (Mc 6,34); e os discípulos de Jesus – Pedro e João – a exemplo do Mestre e sob as ameaças dos adversários, foram firmes em responder: “Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (At 4,20).
Como podemos perceber nos textos bíblicos supracitados, Deus não se fecha em Si mesmo; Jesus não se fecha em Si mesmo; os apóstolos não se fecharam em Si mesmo. Por conseguinte, a Igreja não pode fechar-se dentro de suas estruturas; nós não podemos fechar-nos em nós mesmos. É preciso sair, partir, anunciar, denunciar, consolar, testemunhar. É preciso ser discípulo (a) missionário (a), Igreja em Saída.
Se a vida é Missão; se Deus é Missão; se Jesus é Missão, se a identidade da Igreja é Missão, como é possível que alguma pastoral não seja missionária? Pior, como poderia um bispo, um presbítero, um diácono, um religioso (a), animador (a), catequista não ser missionário (a), justamente aqueles (as) que deveriam ser os animadores de toda a vida pastoral de uma igreja, de uma comunidade?
Nossa Igreja que está no Ceará alegra-se ainda mais neste Mês Missionário, pelo fato de contar com uma grande multidão de homens e mulheres, crianças, jovens, adolescentes, adultos e anciãos, leigos (as), religiosos (as), ministros ordenados, consagrados (as) que assumem no cotidiano da vida a animação missionária de nossas igrejas particulares, a serviço da vida, sempre a partir da realidade dos mais excluídos.
Muitas atividades de animação missionária serão oferecidas pelas paróquias! Não fiquem de fora dessa mobilização missionária, própria de uma igreja que se sente viva! Façam sua oferta para a coleta missionária, no quarto domingo de outubro (23 e 24), em benefício das obras missionárias naqueles lugares mais necessitados do mundo!
A grandeza ou a mesquinhez de uma pessoa depende do que ela faz e do projeto de vida que escolheu e que direciona sua vida. O futuro é orientado pelo presente. Quanto mais autêntico é o projeto para o futuro, que colocamos à nossa frente, mais autênticos poderemos nos tornar no presente de nossas vidas. A vida não é estacionamento, mas caminhada. A vida é missão, porque Jesus é Missão. Então, caminhem, tendo diante de vocês um futuro autêntico que oriente bem o vosso presente!