GT da Mineração da CNBB vê com preocupação o esvaziamento do papel da Funai


 


 


GT da Mineração da CNBB vê com preocupação o esvaziamento do papel da Funai


O GT de Mineração, criado pelo Conselho Permanente no âmbito da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reuniu-se neste dia 23/01, em Brasília (DF), com o objetivo de avaliar o trabalho feito em 2018 e planejar as ações para 2019. O padre Dario Bossi, provincial dos Missionários Combonianos no Brasil e assessor do GT falou dos desafios e do planejamento para 2019.


Segundo o religioso, a perspectiva do novo governo federal em atacar ainda mais os direitos indígenas expressas nas declarações de campanha eleitoral e também nos primeiros dias após ser empossado preocupa o GT de Mineração da CNBB. “As terras indígenas serão as primeiras a sofrer a ameaça de flexibilização das leis existentes e também dos processos de licenciamento ambiental para mineração’, disse.


Outro ponto apontado pelo padre como preocupação do GT é o enfraquecimento da Fundação Nacional do Índio (Funai) por meio do deslocamento de suas atribuições para o Ministério da Agricultura. A crítica do governo com respeito aos acordos de Paris e a falta de reconhecimento do papel essencial do Brasil para combater as mudanças climáticas também ocupa as preocupações do GT.


Segundo ele, o modelo de desenvolvimento que o atual governo quer promover e relançar é um modelo extrativista, baseado na exploração do latifúndio o que, segundo a avaliação do GT, vai amplificar o desmatamento e o aquecimento global. “Buscaremos alternativas ao extrativismo, voltar ao essencial da mineração, promover modelos de desenvolvimento que promovam a sustentabilidade”, disse.


Planejamento – Para 2019, um dos principais encaminhamentos do GT será a realização de um encontro dos bispos em cujas dioceses, no Brasil, haja conflitos provocados pela mineração. Num pré-levantamento realizado pelo GT da Mineração, informa padre Dario, foram identificadas quase 70 dioceses do Brasil que tem em seus territórios não só projetos de mineração, mas conflitos abertos entre mineradoras e comunidades.


“É papel essencial da Igreja saber como se posicionar e como assessorar as comunidades que são vítimas e sofrem violações da mineração. Queremos propor um encontro com estes bispos para intercambiar experiências, oferecer acompanhamento, fornecer materiais, um embasamento e uma contextualização que os ajude a refletir sobre qual o seu papel a serviço destas comunidades”, disse.


Uma outra ação da qual pretende se ocupar o trabalho do GT neste ano é a realização de um mapeamento dos conflitos provocados por mineração no Brasil e do papel das igrejas onde há este tipo de conflitos. O GT também trabalhará para que a carta pastoral do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) sobre o tema “Discípulos Missionários guardiões da Casa Comum – reflexão à luz da encíclica Laudato Si’ seja mais conhecida pelos agentes de pastoral de diferentes territórios com impacto da mineração.


O padre Dário lembrou que 2019 é também o ano do Sínodo especial para a Amazônia. “É quase automático que o foco da atuação da GT da Mineração para este ano seja estritamente vinculado a este processo eclesial mundial que põe a atenção sobre esta região como um contexto inspirador e paradigmático para um novo rosto e práticas conscientes e proféticas da Igreja em defesa do meio ambiente e dos territórios”, concluiu.