O convite à escuta da Palavra de Deus, em setembro, mês dedicado ao Livro Sagrado, quer questionar nosso relacionamento e nosso modo de viver, indo além do escutar e do prestar atenção, num compromisso e engajamento, obedientes à vontade de Deus, que sempre quer ouvir nosso grito e clamor, sem esquecer do louvor e da gratidão, na humilde simplicidade e confiante entrega.
Deus nos criou para que experimentemos, como filhos seus, a liberdade, que se encontra entre os maiores anseios do ser humano, sendo uma conquista a ser alcançada através do constante esforço de responder, dentro dos propósitos divinos. É o Reino de Deus, instaurado por Jesus de Nazaré, que foi encarnado por São Francisco na sua essência, compreendendo-o e vivendo-o de um modo inigualável, genuíno e original. Ele revelou o cristianismo na sua natureza e fim, como o que existe de mais belo e precioso, por isso mesmo exerceu vigorosa influência sobre o ser humano, indicando-nos o caminho da plena liberdade.
A Bíblia nos ensina que na vida temos que ultrapassar as barreiras da morte no dia a dia. Para nós, cristãos, vencer os sinais de morte significa já ter o céu aqui na terra, mas, pela convergência de esforços e boas ações, encontramos, é claro, seu ápice na feliz ressurreição. Quando a Escritura Sagrada nos fala que “Deus será tudo em todas as coisas” (1 Cor 15, 28), na nossa compreensão, é para que tenhamos diante dos olhos o céu como pátria, na imagem do banquete nupcial ou na visão dos eleitos, ainda como vitória definitiva e plena reconciliação com Deus, Senhor da vida e da história.
Na nossa cultura predomina uma forte tendência ao dualismo. De um lado bem distinto, apresenta-se o ser humano e tudo ao seu redor como matéria; do outro lado, o mistério de Deus, de Jesus e do Espírito Santo. Ficam patentes, na mente e no interior das pessoas, dois mundos, com dificuldade de conciliação e entendimento. Ora, tudo que recebemos de Deus – dons, qualidades e talentos – deveria ser bem administrado, multiplicado e partilhado, num espírito solidário, sendo, evidentemente, o início da promessa vindoura.
Sem renunciar ao nosso ser pessoa humana e às nossas tendências mais profundas, deixemo-nos questionar pela Palavra de Deus, no sentido da vivência da nossa fé, na grandeza da própria vida, numa só coisa, como dom e graça de Deus, que tudo fez por amor, dando-nos cabeça para pensar e coração para amar, inspirados na atmosfera imorredoura da oração e ternura do Poverello de Assis. Amém!