Ir ao encontro dos mais necessitados, marginalizados e dos famintos é um gesto concreto que o papa Francisco tem proposto aos cristãos do mundo inteiro. “Este pobre homem grita e o Senhor escuta” é o tema do II Dia Mundial dos Pobres, que será celebrado neste domingo, 18 de novembro.
Francisco vai celebrar a data presidindo a Santa Missa na Basílica de São Pedro e em seguida vai almoçar com cerca de três mil pobres. na Sala Paulo VI, no Vaticano. O primeiro almoço foi realizado no ano passado. O Pontífice tem provocado em toda a Igreja maior sensibilidade humana e acolhimento aos pobres, eis o motivo porque sugeriu o dia mundial do pobre.
“A sensibilidade humana passa pela prática da caridade. O amor fraterno é a ação transformadora na sociedade que erradica a miséria e recupera a dignidade de todo ser humano como criatura e filho de Deus”, ressalta o bispo de Caçador (SC) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Severino Clasen.
O bispo explica ainda que a natureza da Igreja, na sua essência, evidencia um olhar para os pobres. A Igreja, nasceu pobre. Jesus Cristo veio ao mundo tão pobre que nem casa para nascer tinha e morreu crucificado, pobre e despojado.
“Estão especialmente unidos a Cristo sofredor pela salvação do mundo os que são oprimidos pela pobreza, pela enfermidade, pela doença e por várias atribulações, ou que sofrem perseguição por causa da justiça, que o Senhor no Evangelho declarou bem-aventurados e que ‘o Deus de toda a graça, que vos chama para a sua glória eterna, no Cristo Jesus, vos restabelecerá e vos tornará firmes, fortes e seguros’”, destaca (LG 340).
Nos Evangelhos, é possível encontra inúmeras manifestações de Jesus com olhar compassivo e de misericórdia para com os pobres, os desprezados e os esquecidos da sociedade e porque também não dizer, ignorados pela própria Igreja.
“O amor fraterno é a ação transformadora na sociedade que erradica a miséria e recupera a dignidade de todo ser humano como criatura e filho de Deus”, diz o bispo.
Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), mostra que, em 2015, o país tinha 101.854 pessoas em situação de rua. Com a crise do país, é possível que o número de pessoas em situação de rua já seja bem maior.
Dom Severino lembra que a opção pelos pobres faz a Igreja voltar o seu olhar para os filhos e filhas prediletos de Deus e é esse olhar do próprio Jesus, presente no olhar dos mais pobres, que faz a Igreja voltar-se para o pobre e, ao mesmo tempo, para Jesus, dele aprendendo, com ele evangelizando e participando da construção do Reino de Deus.
São inúmeras as iniciativas da Igreja, pastorais, comunitárias, educacionais e sociais, que focam seu olhar e sua ação na defesa, promoção e valorização da vida em todas as suas dimensões, priorizando aquelas vidas humanas mais sofridas, violentadas, oprimidas, discriminadas, desprezadas.
“A capacidade de preencher a vida dos que sofrem e promover os excluídos dá prazer de viver e sentido à vida humana. Os símbolos do sal e da luz, que tanto refletimos no Ano Nacional do Laicato, vitalizam o ser cristão para dar gosto e brilho à vida”.
O papa Francisco presenteou a Arquidiocese do Rio de Janeiro com uma escultura chamada Jesus sem-teto. A obra é do artista canadense Timothy P. Schmalz, e possui exemplares em diversos locais do mundo, incluindo a Itália – a imagem se encontra na entrada da Elemosineria Apostólica, em Roma – e Estados Unidos.
Segundo a arquidiocese, a obra de arte poderá ser visitada a partir do dia 18 e a data não foi escolhida por acaso: Jesus sem-teto, uma estátua em tamanho real, é a figura de uma pessoa em situação de rua deitada em um banco. O ‘homem’ da imagem apresenta chagas nos pés, que podem ser vistas, apesar do pequeno cobertor que tem por cima de seu corpo para proteger do frio.
Dom Severino ressalta que o olhar da Igreja para os pobres vai além do cuidado para com a pessoa humana. “Somos seres em relação com a natureza. Proteger a mãe natureza é valorizar a obra criada por Deus e dar o cuidado e o acolhimento necessários para que a harmonia e a saúde existencial perpetuem entre nós criaturas humanas”, afirma.
A Laudato Si, a Gaudete et Exsultate e as outras exortações apostólicas do Papa Francisco, chamam a atenção para essa corresponsabilidade na busca da harmoniosa convivência com todas as criaturas para se chegar à perfeição.