Vários encontros, organizados pelas comissões episcopais, organismos, pastorais e regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) são realizados no mês de julho para animar processos em diferentes setores da vida da Igreja no Brasil e na da Igreja na América Latina. Para o bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, esses encontros renovam as lideranças católicas na fé e na esperança, o que faz com que cresçam na qualidade do serviço que prestam ao Povo de Deus. “Um encontro nacional é sempre momento propício para que as lideranças se entendem melhor a respeito da caminhada que fazem nas dioceses, paroquias e comunidades. Além de ser oportunidade de aprofundamento da missão e de oração”, disse. Nesta entrevista, o prelado fala também de como a Igreja no Brasil vai acompanhar o processo eleitoral brasileiro, que tem início em agosto, e orientar os católicos para o voto e a participação mais conscientes. Veja a íntegra abaixo.
Neste mês de julho está sendo celebrado uma série de encontros nacionais de várias comissões episcopais. Como senhor avalia esse tempo de grandes eventos e que o senhor espera como fruto para a Igreja no Brasil?
A CNBB serve à Igreja no Brasil. Os bispos que compõem as comissões episcopais da Conferência estão à serviço da ação evangelizadora. Desse modo, é motivo de alegria e satisfação as iniciativas de encontros nacionais e até mesmo internacionais, uma vez que uma representação dos Irmãos está presente no Congresso Missionário, na Bolívia, também durante este mês de julho. As comissões da Juventude, da Comunicação, da Liturgia, da Ação Transformadora e outras têm encontros que foram longamente preparados e se realizam em diversas partes do País. Esses momentos são importantes para a caminhada das pastorais porque marcam como avaliação e aprofundamento do que é específico de cada área da evangelização.
Ao se encontrar, esses grupos se renovem na fé, na esperança e cresçam na qualidade do serviço que prestam ao Povo de Deus. Um encontro nacional é sempre momento propício para que as lideranças se entendem melhor a respeito da caminhada que fazem nas dioceses, paroquias e comunidades. Além de ser oportunidade de aprofundamento da missão, esses encontros também proporcionam tempos importantes de oração. A oração à luz da Palavra de Deus ilumina o caminho do serviço. Os frutos dependem dessa união estreita com o Senhor da messe.
Destacamos o encontro dos subsecretários-executivos dos 18 regionais da CNBB que será realizado em Rondônia. Esse encontro tem sua singularidade por reunir padres, religiosos e leigos que auxiliam os bispos que coordenam os trabalhos das CNBB em cada uma das regiões do Brasil. Juntos olharemos o caminho percorrido nessa primeira metade do ano e projetaremos um segundo semestre bem produtivo para a Conferência.
No segundo semestre teremos campanha eleitoral e eleições importantes para o Brasil. Como senhor está vendo o trabalho da Igreja para ajudar o cidadão na tarefa de votar com consciência?
A CNBB tem tradição ininterrupta de manifestar a posição dos bispos em relação à formação e o exercício da política no Brasil. Em todos os chamados anos eleitorais, procuramos oferecer tudo que está ao nosso alcance para contribuir para que todos votem com seriedade e observem a busca do bem comum respeitando a todos e chamando a atenção para questões mais urgentes, especialmente aquelas que dizem respeito a vida dos mais pobres.
A Igreja não tem partido, mas tem explícita e decidida posição que expressa o valor dignidade humana, o respeito intransigente da vida da sua concepção à morte natural, de justiça social, de combate à corrupção e aos outros malfeitos na vida pública e tantos outros valores que norteiam a nossa rica Doutrina Social. Em tempos eleitorais, é preciso de particular vigilância para que o poder econômico e nem a manipulação midiática tomem o lugar da consciência de cada cidadão.
Vários organismos da Igreja e alguns regionais da CNBB organizaram cartilhas que simplificam conceitos importantes para ajudar no exercício do voto consciente. Seria bom que todas aquelas pessoas que têm alguma missão de educação política e interesse em contribuir para eleições livres e responsáveis tomassem conhecimento desse material e nos ajudasse a levar ao maior número de pessoas alguns princípios que podem ajudar na hora do voto.
A CNBB vai promover debates entre candidatos?
Estamos trabalhando para que isso ocorra. O que importa mesmo é que a sociedade inteira se mobilize para conhecer melhor aqueles que se apresentarem para qualquer cargo público. Não podemos esquecer que além de eleger um presidente e os governadores, também teremos a tarefa de escolher deputados federais e estaduais. Esses candidatos também precisam se apresentar e debater os projetos que levam para os nossos parlamentos.
O debate também precisa ser feito em nossas comunidades e não somente por meio de plataformas midiáticas. Cada pessoa e cada família teria que buscar conhecer melhor o perfil dos candidatos que merecerão os seus votos. Não podemos perpetuar certas práticas que tem se mostrado ruim para a consolidação da cidadania como aquelas de facilitar a compra de votos, a troca por favores pessoais ou familiares ou o voto apenas por motivo de amizade ou de prestígio dos candidatos.
Os bispos acompanham suas Igrejas Particulares em todos os momentos da vida e estarão firmes na animação pastoral desse segundo semestre levando sempre o apoio de uma palavra responsável e necessária diante dos grandes desafios que o Brasil apresenta. Não podemos esquecer, ainda, que nas Igrejas Particulares cabe ao bispo a animação e orientação quanto à participação dos católicos na política.