Diocese de Crato recorda centenário de nascimento de Madre Feitosa

Seu nome de batismo era Maria Carmelina Feitosa, mas foi pelo título eclesiástico, acompanhado do sobrenome, que ficou conhecida: Madre Feitosa. Figura na história da Diocese de Crato como uma das mais importantes educadoras cearenses e pela solicitude para com o povo pobre. Faleceu dois dias após natal de 2019, aos 98 anos, em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico. Está sepultada na Casa de Caridade, onde vivia e da qual era coordenadora, construída pelo apóstolo do Nordeste, Padre Ibiapina, nos idos de 1868.

Há exatos cem anos, em 13 de setembro de 1921, nascia no município de Tauá, nas terras áridas do sertão dos Inhamuns cearenses. Aos dezessete anos, chegou ao Cariri para estudar no colégio feminino administrado pelas Irmãs da Congregação das Filhas de Santa Teresa de Jesus, fundada pelo primeiro bispo da Diocese de Crato, Dom Quintino Rodrigues.

Ao concluir os estudos, estava pronta para exercer o magistério, mas o chamado de Deus a fez ir além. Tornou-se, então, educadora e religiosa. Era o ano de 1941. Ambas ainda jovens: ela e a Congregação.

Formada em Pedagogia na antiga Faculdade de Filosofia do Crato, foi diretora do Colégio Santa Teresa e, adiante, a pedido do terceiro bispo diocesano, Dom Vicente Matos, ajudou a fundar o Colégio Pequeno Príncipe, na mesma cidade.

Suas habilidades também a levam a integrar o Governo Geral, de onde partem as decisões que norteiam a vida e o apostolado da Congregação, primeiro como assistente direta da Superiora Geral, que sucedia a cofundadora da comunidade religiosa, depois como conselheira geral e secretária.

“Comungavam dos mesmos ideais e sonhos de crescimento da Congregação segundo os ditames do Concílio Vaticano II e das novas diretrizes do Magistério da Igreja para a Vida Religiosa Consagrada”, relata a atual coordenadora geral, Madre Vera Lúcia Alves de Andrade. “Era mulher eternamente educadora da fé e da vida, sem perder de vista àquelas mágicas e divinas mãos sempre unidas em prece por cada filho gerado no aconchego do amor e da paz”, acrescenta.

Os anos dedicados à Educação renderam à Madre Feitosa inúmeras honrarias, como a medalha “Reitor Antônio Martins Filho”, em 2007, e o título “Doutor Honoris Causa”, em 2014, concedidos pela Universidade Regional do Cariri. Um legado que inspira gerações.

“Mais do que uma grande educadora e mais do que uma pessoa caridosa, era um instrumento utilizado por Deus com o intuito de nos aproximar d’Ele. Este, sem dúvidas, é o seu grande legado: ter deixado marca de Nosso Senhor Jesus Cristo em nossos corações”, disse o advogado Carlos Alberto Carvalho de Brito. Ele conviveu com Madre Feitosa nos corredores do Colégio Pequeno Príncipe à época em que foi aluno da instituição

 

Celebração Jubilar

A passagem dos cem anos de nascimento de Madre Feitosa foi marcada por uma programação especial com lançamento de livro, que reúne depoimentos afetivos e fatos históricos sobre a vida dela, tríduo preparatório rezado na Capela da Casa de Caridade, além de tributo musical e homenagens. O ponto alto foi a Eucaristia na Sé Catedral de Nossa Senhora da Penha, em Crato, na noite desta segunda (13), presidida por Dom Edimilson Neves, a quem Madre Feitosa tinha como filho espiritual, pela convivência no Colégio Pequeno Príncipe por mais de 22 anos. Desde o ano passado, no entanto, missas celebradas nos dias 13 de cada mês já preparavam para este momento festivo.

No âmbito da Igreja de Crato, Padre José Vicente, administrador diocesano, considera a memória de Madre Feitosa sinal de esperança para tempos ainda marcados pela pandemia de Covid-19 e desafios de ordem política e econômica.

“Sempre foi uma pessoa marcada pela esperança e que reanimava, digamos assim, as pessoas. Todos aqueles que bateram à porta da Madre, marcadas por seus sofrimentos, saiam de lá com a esperança e a fé renovadas, com vontade de viver.”

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Por: Patrícia Mirelly e Mychelle Santos/Assessoria de Comunicação