A devoção popular une maio a Maria com as homenagens prestadas: o rosário, a ladainha, os cânticos e, ao final, a coroação da imagem, feita pelas nossas crianças. Recebemos de nossos pais, dos que nos antecederam na fé, tantas expressões de afeto para com a Mãe de Jesus. Nós as cultivamos. Por isso, continuarão florescendo.
O mês de maio corresponde ao tempo pascal no qual celebramos o Ressuscitado que passou pela morte de cruz e a venceu. Maria está intimamente ligada à Páscoa. Esteve unida ao seu Filho no sofrimento da Paixão, Morte e Sepultamento. É chamada de Nossa Senhora das Dores, firme e desolada, mas de pé aos pés da Cruz. Mais ainda, ela esteve unida à alegria da Ressurreição do Senhor, vivendo a bem-aventurança ou a felicidade de quem acreditou. Aguardou com os discípulos o Espírito da Promessa.
A alegria de Maria foi compartilhada pelos apóstolos, discípulos e discípulas. Alegria contagiante. O anjo e o próprio Jesus disseram às mulheres e aos discípulos: Alegrai-vos! Compartilhar este contentamento faz parte da mensagem pascal originária. É o conteúdo da Ressurreição. É dom do Ressuscitado. É fruto do Espírito derramado.
Naquele clima pascal das aparições, Maria foi convidada e despertada para a alegria maior, própria dos libertados e remidos que somente seu Filho, o Salvador poderia oferecer. Ela colaborou como ninguém para esta alegria a qual traz consigo a possível felicidade eterna em Deus.
No tempo pascal, a Igreja diz para Maria: “Rainha do céu, alegrai-vos, aleluia, porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente, aleluia”. Não é apenas uma saudação devocional ou poética. Significa que o transbordamento das alegrias pascais é compartilhado com aquela que é a causa de nossa alegria, desde o Natal. Os filhos podem dizer à mãe: alegre-se. Em resposta, podemos ouvir a resposta: Alegrem-se comigo! Atualizamos os tempos apostólicos em que o contentamento expressava a presença viva de Jesus.
Entendemos porque São Paulo aborda muitas vezes o tema da alegria dos cristãos, apesar das dores, das doenças, das perseguições e da morte. Chega a insistir: “Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito: alegrai-vos! ” (Fl 4,4). Quer dizer: a Igreja tem espaço para a felicidade dos seus membros; não fecha as portas à boa notícia da salvação da qual é portadora; celebra os mistérios, sobretudo a Eucaristia, com o dom da alegria.
Neste tempo de Pandemia em que as alegrias pascais ficaram comprometidas em tantas famílias que perderam os seus e neste mês de maio no qual a curva dos infectados aumenta, somos mensageiros da alegria que vem do Alto e que nos leva a olhar além do horizonte deste mundo adoentado.
Maria, a Mãe de Crucificado e Ressuscitado, nossa Mãe nas dores e nas alegrias, nos console em nossas aflições e temores. Ela nos auxilie em nossas adversidades e lutas. Ela nos cure em nossas enfermidades e afaste de nós todo contágio.
Grande e segura alegria é deixar-se conduzir pela ternura de Maria. Ela nos faz serenar, acalmar, apaziguar. Fertiliza nosso sertão. Purifica nosso respiro. Imuniza nosso ar. Está presente em nossos lares. Está conosco em nossa vida a nos dizer: Confia, sou tua Mãe.
Dom Edson de Castro Homem
Bispo Diocesano de Iguatu