O 14º Intereclesial de CEBs aconteceu em Londrina-PR, nos dias 23 a 27 de janeiro deste ano. Congregou 3300 delegados e 60 Bispos além de numerosos diáconos e padres, com presença de convidados como os Povos Indígenas, Quilombolas, outras Igrejas e Religiões.
Verificou-se, uma vez mais, a vitalidade e entusiasmo dessa experiência originante e fontal de ser Igreja e viver a fé a partir do povo, dos simples e pequenos. É inegável o legado do empoderamento dos pobres que nelas aprenderam a ligar inseparavelmente a vida com a fé, a ler e iluminar a sua caminhada a partir da Palavra de Deus, promovendo, de forma integral, a dignidade humana.
Sempre foi muito claro para as CEBs, como instância eclesial, sua autonomia em relação a partidos e agremiações sindicais ou outros organismos populares, legítimos, de uma Democracia viva; elas incentivaram seus membros e lideranças a se inserirem nesses campos de atuação fazendo ecoar a defesa da vida dos pobres, a justiça social e o bem comum. Longe de uma instrumentalização ideológica ou partidária, o que se viveu e testemunhou nestes dias, resultou da fé viva, contextualizada e comprometida, de comunidades adultas que buscaram responder com fidelidade ao Deus da Misericórdia, como expressa o lema do Intereclesial: “Eu vi e ouvi, os clamores do meu povo e desci para libertá-lo” (Ex 3,7).
A espiritualidade foi marcante e profundamente criativa e animada, situada na realidade, celebrada pela Palavra e pela Eucaristia, animada com gestos e símbolos significativos que envolveram e levaram a partilha e a participação de todos/as. O tema escolhido: os desafios urbanos, é de veras mordente e de uma urgência indubitável, refletido com debates proveitosos, mas apenas enunciado e abordado em referência a tópicos que fazem parte do cenário urbano: moradia, mobilidade, políticas públicas, saúde, educação, lazer e cultura, ecumenismo e diálogo inter-religioso, ecologia e saneamento ambiental.
Faltou, talvez, uma teologia, eclesiologia e pastoral, que nos descortinassem os sonhos e as esperanças da vida urbana, na perspectiva da Nova Jerusalém, a cidade da Paz e da Justiça. Penso que deixou um balanço muito positivo e alentador, de alegria transbordante, de fraternura entre os participantes, de testemunho fiel de uma Igreja em saída, que revigorou o protagonismo dos cristãos leigos e leigas, especialmente dos mais humildes e pequenos, para transformar e evangelizar, com renovada esperança e justiça, as estruturas e relacionamentos urbanos. Deus seja louvado!