Com o tempo do Advento, abriu-se o novo ano litúrgico da Igreja Católica, identificado com a letra A.
Os ensinamentos e as ações do Mestre serão comentados, aos domingos, nas homilias, através da leitura continuada de São Mateus.
Seu evangelho compõe o grupo dos três, chamados de sinóticos ou de semelhantes. Entretanto, há diferenças complementares, na composição da narrativa e dos relatos e na acentuação de aspectos dos ditos e feitos do Senhor. Muitos preferem lê-lo de forma sinótica, isto é, observando o que há de comum com Lucas e Marcos. Outros optam pela leitura das diferenças acentuadas. Um modo não exclui o outro. Seja como for, o perfil de Jesus, em Mateus, é único. Muito enriquece nosso conhecimento sobre o Mestre.
Conforme os estudiosos do texto, o evangelista escreve entre judeus e para os judeus. Por isso, é de seu interesse demonstrar, na pessoa e na obra de Jesus, o cumprimento das Escrituras, através da referência à Lei e aos Profetas. Sobretudo, seu aperfeiçoamento e superação. A própria introdução com a genealogia já o confirma, pelo título que lhe é dado: o Cristo ou Messias, “filho de Davi, filho de Abraão” (1,1). Porém, o desenvolvimento da narrativa o apresenta incomparável por ser o “Filho de Deus” (14,33; 16,16; 22,2; 27,40-43).
Como cumprimento e aperfeiçoamento das Escrituras serão lidas todas as cenas, especialmente as que retratam a humildade do Mestre, a rejeição e a incredulidade dos judeus e o fracasso aparente de sua pretensão messiânica. Exemplificamos: a matança dos inocentes (2,17-8); a infância oculta em Nazaré (2,23); a compaixão do Servo de Javé (12, 17-21); o abandono dos discípulos ((16,31); o preço insignificante da traição (27,9-1); a prisão aviltante (26,54); a permanência no túmulo (12,40). Nestes acontecimentos, o evangelista nos faz reconhecer o desígnio de Deus, anunciado. Também os demais evangelistas se referem às Escrituras como promessa e cumprimento, porém, de modo menos acentuado.
Mateus insiste que Jesus, qual novo Moisés, mas com autoridade própria, ensina e comunica a Nova Lei, levando a antiga à perfeição, conforme o extenso Sermão da Montanha (5-7). Assim deixa transparecer sua pretensão messiânica e, sobretudo, divina. Daí a célebre frase repetida que serve de contraponto aos antigos: “Eu, porém, vos digo” (5,34).
Devido a seus destinatários, não põe nos lábios de Jesus, o termo “Reino de Deus”, cujo nome não deveria ser mencionado. É substituído por “Reino dos Céus”. No entanto, o sentido é o mesmo. Trata-se do conteúdo central da pregação, especialmente nas parábolas. Diz respeito ao senhorio divino a ser acolhido com prontidão e determinação: “Arrependei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus” (4,17).
Jesus, Ele mesmo, é quem funda sua Igreja sobre Pedro, a rocha (16,18), dando-lhe as chaves do Reino dos Céus. Promete-lhe que, jamais, as portas ou o poder do inferno prevalecerão contra ela. No entanto, Ele é a pedra angular, ainda que rejeitada pelos construtores (21, 42). Antes de partir, entrega à mesma Igreja sua obra, com a missão de ensinar e de batizar para tornar a todos seus discípulos. Garante-lhe sua presença (28,19-20). Assim, os onze discípulos se tornam mestres. Confirma, pois, com seu magistério a atividade sacramental.
Na Liturgia dominical, desde o segundo domingo do Advento, acolheremos no Evangelho de Mateus, a atividade do precursor, João Batista, severo pregador no deserto da Judeia (3, 1-12). Ele anuncia Jesus como sendo Aquele que batizará com o Espírito Santo e o fogo (3, 11). Assim, João favorece, no modo de ser e de dizer, a atitude de centralizarmos as expectativas no Cristo que vem. Venha na nossa história pessoal, social, familiar! Venha para todos que O aguardam!