A edição nº 23 da Revista Bote Fé – publicação da Edições CNBB que conta com a colaboração da assessoria de imprensa da entidade – traz uma resenha que trata sobre um assunto importante para a Igreja no Brasil: a Iniciação à Vida Cristã a partir das experiências das pequenas comunidades. A resenha é do livro escrito por Edson De Bortoli, que já está disponível no site da Editora.
Confira, abaixo, a resenha na íntegra:
PEQUENAS COMUNIDADES
A iniciação à vida cristã é uma das urgências da ação evangelizadora da Igreja no Brasil. Tal urgência, relacionada à transmissão da fé, só pode ser assumida se contar com a presença atuante de uma comunidade eclesial. Porém, a crise na dimensão comunitária pela qual a Igreja passa hoje torna-se um desafio pastoral importante a ser superado caso se queira que o processo iniciático eclesial seja frutuoso.
Diante desta complexa situação, apresenta-se o livro “Pequenas comunidades, lugares de iniciação à vida cristã”, escrito por Edson De Bortoli. Nele se defende a estruturação comunitária na Igreja a partir das pequenas comunidades como modelo para que o processo de iniciação à vida cristã com inspiração catecumenal se desenvolva de modo eficaz.
A obra demonstra em que medida a comunidade é elemento constitutivo da iniciação à vida cristã. A presença e o acompanhamento da comunidade eclesial são fundamentais em cada um dos quatro tempos do itinerário de inspiração catecumenal. Além disso, o autor destaca que só se crê comunitariamente, o que também exige que a comunidade seja catequista por excelência, a primeira responsável pela transmissão da fé.
O livro avalia a atual realidade comunitária da Igreja. Mostra que o individualismo e a crise das instituições, que são próprios da atualidade, somados à estrutura paroquial predominante na Igreja, fazem com que boa parte de nossas comunidades eclesiais estejam fragilizadas e em crise.
Como a comunidade eclesial é fundamental para a concretização do processo iniciático, é preciso que esta crise seja superada, ou ao menos amenizada. A obra defende o modelo das pequenas comunidades como configuração eclesial a ser priorizada na Igreja, a fim de que se possibilite um efetivo processo de transmissão da fé.
A defesa das pequenas comunidades parte do exemplo do apóstolo Paulo que adotou como estratégia a formação das domus Ecclesiae, isto é, a organização de igrejas domésticas, formadas por pequenos grupos de pessoas. A estratégia paulina deve inspirar a ação pastoral da Igreja diante da mudança de época na qual ela está inserida hoje.
A ideia defendida neste livro é reforçada com a reflexão feita a partir de uma pesquisa de campo. Foram entrevistadas lideranças que atuam em comunidades eclesiais de diferentes tamanhos. Os dados demonstram que as pequenas comunidades, quando comparadas às comunidades maiores, são espaços que favorecem o sentimento de pertença, a acolhida, a integração e o comprometimento entre os seus membros. A presença destes elementos em uma comunidade é fundamental para que ela consiga desenvolver um itinerário iniciático.
A publicação inspira os leitores na sua ação pastoral e provoca que a Igreja tenha ousadia para assumir uma verdadeira conversão pastoral, que exige a passagem de uma estrutura comunitária massiva para a formação de grupos eclesiais menores. Assumindo esta proposta, defende o autor, as comunidades se tornarão efetivos lugares de iniciação à vida cristã e de vivência da fé.