O forte movimento de migrações internas no Brasil que atingiu seu ápice entre os anos 1960 e 1980. Durante esses 20 anos, houve um enorme contingente se deslocando do campo para as cidades, com destaque para o movimento de nordestinos rumo à Região Sudeste.
A migração interna ainda é intensa entre os estados brasileiros e o objetivo é a busca pela melhor qualidade de vida, de emprego, de estudos e até para fugir de situações de necessidade ou de violação dos direitos humanos.
De acordo a pesquisa “Migração interna no Brasil”, divulgada em 2010 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) o total de pessoas que migrou de seu estado para outro dentro da mesma região ou para regiões diferentes do país tem registrou queda num período de 14 anos.
Segundo o levantamento, o percentual da população que migrou foi de 3% da população em 1995 – início da série do Ipea – (cerca de 4 milhões de pessoas.) Em 2008, a população cresceu, mas o percentual de migrantes dentro da população caiu para 1,9% (3,3 milhões de pessoas).
Nos últimos 7 anos não há dados oficiais sobre a migração interna no país. Porém, de acordo com o texto base da 33ª Semana do Migrante, que acontece de 17 a 24 de junho, o perfil desses migrantes temporários, são na maioria homens, jovens, na idade entre 18 e 35 anos, com ensino fundamental.
Este ano, pela primeira vez, a Semana do Mirante, coordenada dentro do conjunto de pastorais e organismos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e outras instituições que trabalham a causa migratória e que, unidas, colocam e proclamam seu tema: A Vida é feita de encontros e seu lema: Braços abertos sem dedo para acolher!
Nesta sintonia, o padre Alfredo Gonçalves, aponta em seu texto “A sede e a Água Viva”, uma reflexão: “O segredo da vida cotidiana é que a água viva não jorra de grandes feitos, de atos heroicos, de decisões bombásticas. A água da chuva, dos rios e dos oceanos é feita de pequenas gotas. O mesmo ocorre com a água viva que brota do Evangelho. Um olhar, um sorriso, uma palavra, um toque, uma visita, um “bom dia”, um ouvido atento, um coração aberto, a mão estendida num gesto de solidariedade – eis as gotas que formam o oceano”.
Em termos de migração temporária, um dos setores que mais tem movimentado trabalhadores é o agrícola. Com a expansão da produção canavieira para etanol, a partir de 2005, milhares de trabalhadores de deslocaram de regiões rurais de estados da Região Nordeste, para trabalhar sazonalmente no plantio e na colheita de cana-de-açúcar nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, destaca o texto base.
Ainda segundo o texto, esses deslocamentos temporários também são comuns para as lavouras de café, em Minas gerais e São Paulo; e de soja em todo o centro-oeste e Minas gerais a partir da década de 1990.
Nesse contexto, os principais desafios estão relacionados aos riscos e as situações de vulnerabilidade em que muitos migrantes enfrentam diariamente. Por isso, são importantes os esforços para ampliar e aprofundar o conhecimento da realidade migratória no Brasil e suas implicações socioeconômicas, políticas, culturais e humanas.
O papa Francisco convoca a compartilhar a viagem com migrantes, porque isto tem relação direta com a vida cristã e o julgamento será pelo amor: “Era peregrino e me acolheste” (MT 25,35).