Janeiro Branco – saúde mental

por Edmilson Monteiro Rodrigues da Silva – Psicólogo CRP 11- 20495.

O ano de 2024 teve início há poucos dias, e com ele debuta a campanha Janeiro branco, que nos adverte para os cuidados com a saúde mental e emocional da população, a partir da advertência das doenças decorrentes do estresse, como ansiedade, depressão e pânico. As doenças mentais podem ser originadas por uma série de fatores, como genética, estresse, abuso de substâncias e traumas. Nesse rol entram também os transtornos de humor, esquizofrenia e o transtorno bipolar.

Segundo a OMS, o domínio de depressão na rede de atenção primária de saúde é 10,4%, sendo assim mais de 300 milhões de pessoas. Em casos mais graves, a depressão pode levar ao suicídio. Cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano – sendo essa a segunda principal causa de morte entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos. A depressão situa-se em 4º lugar entre as principais causas de ônus, respondendo por 4,4% dos ônus acarretados por todas as doenças durante a vida. (OPAS; OMS, 2022).

Compete destacar que o termo “depressão” pode designar múltiplas categorias diagnósticas.  Noutras palavras, na versão mais recente do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos mentais, o DSM-5 TR, existe uma série de transtornos depressivos, a saber: transtorno disruptivo de desregulação do humor, transtorno depressivo maior, transtorno depressivo persistente, transtorno disfórico pré-menstrual, transtorno depressivo induzido por substância medicamento, transtorno depressivo devido à outra condição médica, outro transtorno depressivo especificado, transtorno depressivo não especificado e transtorno do humor não especificado. (APA, 2023). Por apresentar, a condição mais prevalente e clássica, conforme Monteiro e Deslandes (2021), o foco deste trabalho incidirá sobre o transtorno depressivo maior (TDM). Assim sendo, o termo “depressão” será empregado como sinônimo de TDM.

O Transtorno Depressivo Maior (TDM) é definido pela presença de episódio depressivo, único ou múltiplos, sem a presença de mania ou hipomania ao longo da vida. Um episódio depressivo é caracterizado por período distinto de, pelo menos, duas semanas de duração (embora a maioria dos episódios dure um tempo consideravelmente maior), envolvendo alterações no humor, na cognição, na psicomotricidade, na percepção dolorosa e nas funções neurovegetativas (HOFMANN, 2014).

De acordo com Donadon e Marback, a depressão tem o seu tratamento com fármacos prescritos pelo médico psiquiatra, os quais atuam nas condições biológico-físicas e químicas do paciente, no entanto, como ora já é um dado adquirido, se sabe que ela tem causa profundas que estão na psiquê da pessoa doente e que também necessitam ser conhecidas e tratadas. Nela, existem processos psicológicos no paciente que, se tratados indevidamente, serão cada vez mais presentes e recorrentes em ciclos de manutenção que se retroalimentam, sendo justamente ali que ingressa a psicologia com o seu ferramental terapêutico a fim de auxiliar no conhecimento dessas causas e processos e assim evitar a retroalimentação que leva às consequências extremas já citadas (DONADON; MARBACK 2022).

Alguns desses transtornos resultantes da saúde mental acabam afetando os seres humanos, que torna impossível (temporária ou permanentemente) de exercer suas funções laborais. E é nesse ponto que entram os benefícios previdenciários pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

O adoecimento psiquiátrico não é um fato recente, a história apresenta inúmeros personagens que foram afetados em suas capacidades e faculdades mentais comprometendo os sucessos das suas carreiras e causando uma destruição nas suas atividades. Na vida das pessoas que compõem a grande massa da sociedade está sendo cada vez mais comuns encontrar pessoas que adoeceram e tiveram o curso normal das suas existências comprometido seriamente pelas doenças psiquiátricas e psicológicas, alguns associados a outros fatores como a falta de tratamento ou um preconceito exagerado levando ao descaso ou falta de tratamento adequado, quando não às consequências extremas como a morte precoce ou autoextermínio. (CINTRA; CORREIA; NAKAO, 2019).

Com base em alguns desses dados vem o surgimento do janeiro branco que visa esse cuidado com a saúde mental e emocional, rompendo assim com esse preconceito que até bem pouco tempo era mais fácil negar essa atenção e cuidado com a saúde mental chegando até mesmo a provocar crises que não cuidadas teriam graves sequelas, daí a importância e conscientização do cuidado com a saúde mental com forma de redução de danos para si e com os outros, cuide-se, peça ajuda, busque sua rede de apoio.

Referências:

AGOSTINHO, Tayla Fernandes; DONADON, Mariana Fortunata; BULLAMAH, Sabrina Kerr. Terapia cognitivo-comportamental e depressão: intervenções no ciclo de manutenção. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, Ribeirão Preto, v. 12, n. 1, p. 59-65, 11 mar. 2019. GN1 Genesis Network. http://dx.doi.org/10.5935/1808-5687.20160007. Disponível em: file:///C:/Users/Edmilson%20Monteiro/Desktop/TCC%20-%20Psicologia/v15n1a09.pdf. Acesso em: 04 janeiro 2024.

 AMERICANA, Associação Psiquiátrica. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: dsm-5-tr. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2023.

DONADON, Mariana Fortunata; MARBACK, Roberta Ferrari. Transtorno depressivo maior. In: MORENO, André Luiz; MELO, Wilson Vieira. Casos clínicos em saúde mental: diagnóstico e indicação de tratamentos baseados em evidências. Porto Alegre: Artmed, 2022. p. 17-30.

HOFMANN, Stefan G.. Introdução à terapia cognitivo-comportamental contemporânea. Porto Alegre: Artmed, 2014.

OPAS; OMS. Depressão. 2022. Disponível em: https://www.paho.org/pt/topicos/depressao. Acesso em: 04 janeiro 2024.