Arcebispo de Maringá (PR)
“Vamos a Belém, ver este acontecimento que o Senhor nos revelou” (Lc 2,15).
A ação litúrgica, no mês de dezembro, está recheada de enfeites, novenas e esperanças. O mundo comercial tem ofertas mercadológicas para saturar as ruas, casas comerciais, chegando a exaustão. Dentro de tanta convulsão, convocamos as pessoas de fé, celebrar com alegria a festa de aniversário do nascimento de Jesus.
No dia 25 de dezembro, em tempo de pandemia, isolamento social, limite de fiéis nas igrejas, celebraremos o santo Natal.
Silenciosamente, Deus se manifesta ao mundo, nascendo numa estrebaria com a presença de animais.
Deus se encarna na simplicidade de uma manjedoura, distante dos poderosos, mudo para os falsos profetas que agridem pastores, portadores da paz, da esperança e da justiça.
Natal é tempo de olhar para dentro de si mesmo e deixar ecoar o grito dos pastores na forma dos pobres, índios, negros, enfermos, minorias oprimidas de nossa sociedade. A canção natalina se fará ouvir somente pela harmonia interior, consciência madura e equilibrada que o Papa Francisco nos aponta em Fratelli Tutti, “o essencial de uma fraternidade aberta, que permite reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas, independentemente da sua proximidade física, do ponto da terra em que cada uma nasceu ou habita” (n.1).
Esta é a verdadeira mensagem natalina. Descobrir a simplicidade do Menino Deus que vem sem alardes e fanfarras ao mundo, deve ser experimentado no seio da família, através do diálogo como os pastores, comunicando que o rumo é Belém, “vamos ver o que lá aconteceu”. O brilho da estrela, ergue os olhos ao infinito para contemplar as maravilhas de Deus no coração de todas as pessoas, sentindo a ternura de Maria que dá à luz da justiça, faz os Reis magos retornar por outro caminho, aproxima dos animais e da criança recém-nascida, nos ensinando a relação amorosa com toda a obra criada.
Natal é tempo de conversão e alerta para nos aproximarmos dos mais necessitados, do respeito pela vida, da união na família, no cuidado pela ecologia e pela fraternidade universal e social.
Natal de verdade supera preconceitos, elimina pensamentos vingativos, educa para o olhar sem julgamentos, desprezo e egoísmo. Natal preparado pela oração, meditação, acolhimento da Palavra de Deus devolvendo para as pessoas batizadas a alegria original da fé cristã e despertando nos pagãos e incrédulos que há sinais de bondade no seio da humanidade que busca a luz apontando novo rumo para uma sociedade em pandemia, regida pelas falsas notícias e pelo ódio.
Os pastores, provavelmente, não tinham o hábito de frequentar as sinagogas, mas foram os primeiros a receber a notícia do Menino Jesus. Eles deixaram a lida de pastores e foram rumo a Belém: “os pastores foram às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido, deitado na manjedoura. Tendo-o visto, contaram o que lhes fora dito sobre o menino. E todos os que ouviram os pastores ficaram maravilhados com aquilo que contavam” (Lc 2,16-17).
Que o nosso final de ano, exaustos de espera de novos tempos, superação da pandemia, nos encha também de alegria. Busquemos no silêncio do lar, através da oração, da orientação da nossa mãe Igreja, o sabor da percepção de celebrar a vinda de Deus para toda a humanidade.
Deixemo-nos tomar pela alegria, visto e sentido em primeiro lugar pelos pastores, e nos aproximemos de Maria e José, pessoas simples, sem preconceito, para descobrir que o Menino Jesus, deve ser encontrado no nosso coração e acalentando nossa vida de ternura, serenidade, da fraternidade universal.
Deixemo-nos conduzir pela estrela de Belém e assumamos, através de nossa fé, o compromisso para melhorar nossas relações na família e na comunidade.
Rezemos pelas famílias que perderam entes queridos, vítimas da Covid-19 e tenhamos um Natal de paz e uma ano de esperança em 2021.
Que seja essa a fonte de alimento para um Feliz Natal e Ano de 2021 com as bênçãos do Menino de Belém.