A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e as Pontifícias Obras Missionárias (POM) lançaram na tarde desta terça-feira, 17, o Mês Missionário Extraordinário e a Campanha Missionária 2019. A cerimônia aconteceu na sede da entidade em Brasília, no contexto de realização da reunião do Conselho Episcopal Pastoral (Consep). Além de bispos e padres, 23 missionários provenientes de vários países acompanharam o evento.
Na abertura, o arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, disse que a ocasião é o mais importante momento que faz com que a Igreja cumpra a sua razão de ser: o de evangelizar. “É o momento de voltar o nosso olhar para a missão, reavivar em nossos corações a consciência desse desafio que é permanente para todos”, disse.
O arcebispo lembrou a todos os presentes, bispos, padres e missionários de diversas localidades do mundo, que sem a missionariedade a Igreja morre. “Ela pode até permanecer, mas será uma burocracia ou será possivelmente uma organização, mas sem vida”, alegou. Em sua fala, dom Walmor chamou atenção ainda para o fato de que a missionariedade na Igreja interpela no coração de cada um de nós o que somos, o que temos, o que repartirmos, sobretudo na coragem bonita de ir ao encontro sem pressa.
Na mesa de abertura, a presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), irmã Maria Inês, disse que é uma alegria muito grande para a Conferência participar da abertura do Mês Extraordinário Missionário. Na oportunidade, afirmou que a CRB vem buscando motivar os consagrados no aprofundamento e crescimento da dimensão missionária. “É muito forte para a vida consagrada essa dimensão e, particularmente, a missão ad gentes, a missão além-fronteiras”, disse.
Ela também chamou atenção para o fato de que os institutos religiosos nascem todos com ‘os pés fora de casa’. “Não existe instituto religioso que nasceu para si próprio, a não ser a vida contemplativa com sua atuação específica. Toda monja, todo monge, tem o coração profundamente missionário”, destacou.
Dom Giovani Crippa, membro da Comissão Episcopal para a Ação Missionária, enfatizou que o Mês Missionário Extraordinário tem por finalidade fazer com que a missão se torne ordinária na Igreja. Ele disse que o momento é um convite para que a Igreja no Brasil, especialmente as igrejas locais, possam assumir com coragem este grande desafio. “Uma igreja local, uma diocese, uma paróquia deve fazer com que a missão não se insira dentro de si”. E chamou atenção para o fato de que a igreja local não é um lugar onde se encerra a missão, mas o local a partir do qual tem que partir a missão. “A missão vem de Deus, não é algo que a Igreja inventou, a missão é amor”, disse.
Irmã Maria Irene, assessora da Comissão Episcopal Pastoral para a Amazônia, afirmou ser uma alegria tanto para a Comissão quanto para a Rede Eclesial Pan-Amazônica celebrar o Mês Missionário.
Ela destacou a realização do Sínodo para a Amazônia, convocado pelo papa Francisco, no qual o pontífice chama atenção para a história do território. “Eu dizia no ano passado por ocasião do lançamento do Mês Missionário Extraordinário que se tratava de uma feliz coincidência e hoje eu retomo o que disse e reafirmo que não seria uma oportunidade melhor termos os dois eventos eclesiais concomitantemente?”, alegou. A irmã disse ainda que a sensibilidade do papa Francisco os anima e os aponta a missionariedade e a Amazônia como um caminho para uma Igreja em Saída e os compromete como uma Casa em Comum.
Padre Antony Francis Yonas, indiano e participante do curso oferecido pelo Centro de Formação Cultural (Cenfi) promovido pelo Centro Cultural Missionário, o CCM, também compôs a mesa de abertura.
Em sua fala reiterou que estava muito contente em estar no Centro Cultural Missionário participando do curso do Cenfi, aprendendo o português, estudando a realidade sócio-econômica, política e religiosa do Brasil, conhecendo como vive uma família brasileira. “Entendo que Deus chamou-me e enviou-me em sua graça para a missão”, disse. Contou o seu testemunho de vida e pediu para que todos rezassem pelos missionários para que possam responder com amor ao chamado que Deus os fez.
Por último, o padre Maurício da Silva Jardim, diretor das Pontifícias Obras Missionárias, afirmou que os missionários são os primeiros destinatários do encontro que Jesus fez. “Ele olhou para nós com misericórdia, olhou para nós com amor e por isso que nós estamos aqui”, disse. Ele reiterou ainda que a missão nasce de um coração apaixonado, de um coração que arde, que se motiva na espiritualidade e na escuta da Palavra. “A missão é o lugar para a gente encontrar Jesus, que fala para nós através do seu povo e, sobretudo, dos pobres e temos muito a aprender”, finalizou.
O Mês Missionário Extraordinário, convocado pelo papa Francisco, em outubro de 2017, tem o tema “Batizados e enviados: A Igreja de Cristo em missão no mundo” e quer despertar a consciência da missão ad gentes, além fronteiras.
Realizada no Brasil desde 1972, no mês de outubro, a Campanha Missionária ganhou este ano um maior impulso eclesial com a coincidência do Mês Missionário Extraordinário e do Sínodo para a Amazônia.
Exposição “Rostos Missionários”
Após a cerimônia de lançamento da Campanha Missionária 2019 e do Mês Extraordinário Missionário, todos os presentes foram convidados ao local da exposição “Rostos Missionários”. Na entrada da sala, como gesto simbólico, foi cortada a fita de inauguração da exposição. O ato foi organizado pelas Pontifícias Obras Missionárias e apresenta uma pequena parte do grande número de brasileiros espalhados pelo mundo enviados em missão. Cerca de 47 rostos missionários foram expostos na sala, por meio de fotografias.
Olinda Soares, da Congregação Filhos e Filhas da Caridade Canossiano, é do Timor Leste, país no Sudeste Asiático. Veio para o Brasil como missionária ad gentes (além fronteiras) para atuar na Pastoral da Saúde, no Rio de Janeiro. Ela estava presente na cerimônia de lançamento do Mês Extraordinário Missionário e da Campanha Missionária. Acompanhando a exposição, disse que a Igreja no Brasil precisava dos missionários e de sua presença no país. “Para mim a missão é como um caminho para a vida”, salientou.
A cerimônia foi encerrada com uma celebração eucarística presidida por dom Giovani Crippa.