O cardeal Hummes, Relator geral do próximo Sínodo para a Amazônia e presidente da Rede Eclesial Pan-amazônia, estará no Vaticano nesta semana para o Conselho Pré-Sinodal do Sínodo dos Bispos para a redação do Instrumentum laboris
Silvonei José – Cidade do Vaticano
O Sínodo Pan-Amazônico foi tema na Assembleia Geral em Aparecida. O Cardeal Dom Cláudio Hummes nomeado pelo Papa Francisco como relator geral do Sínodo Pan-Amazônico afirmou que “o Papa Francisco insiste que busquemos alternativas. Não devemos traçar os mesmos caminhos que não deram certo. O Sínodo deve enfrentar as surpresas da caminhada. A Igreja está a serviço da humanidade, por isso, a importância de debater esse tema”.
Dom Cláudio conversou com a Rádio Vaticano:
Dom Cláudio Hummes: O Sínodo é um evento eclesial. Não um evento político. Isso é muito claro, porque aqui no Brasil, sobretudo, houve um certo questionamento se a Igreja não estava invadindo aárea que não era dela. Mas não, o Sínodo é da Igreja e para a Igreja como foi dito muito claramente aqui em Aparecida na Assembleia da CNBB. Sempre digo que a autonomia da Igreja em realizar a sua missão incide também, é claro, sobre as questões sociais, políticas, e culturais. A Igreja está aqui para transformar o mundo, esse é o Reino de Deus. E essa autonomia consta na nossa Constituição e também no Acordo entre a Santa Sé e o Brasil. Neste Acordo estão todas as nossas liberdades de atual e de falar.
Mas houve um pouco de equívoco, e que produziu um pouco de barulho, mas ficou muito claro que o Sínodo não vai convocar presidentes de governo e nem vai convocar representantes de exércitos, militares, etc. Essas são outras funções. A Igreja tem a sua função própria, mas claro que o que mais esperamos é que todos eles depois possam se beneficiar dos resultados. Porque todos eles são pessoas humanas, que a Igreja também quer alcançar oferecendo o anúncio do Reino de Deus.
O senhor volta para Roma para o encontro com Santo Padre feliz depois dessa Assembleia?
Cardeal Hummes: Muito feliz, sim porque tenho percebido muito interesse, que é grande, interesse que foi crescendo. A verdade é que a CNBB sempre teve uma relação boa com a Amazônia. E isso tem toda uma história. Desde depois do Concílio, quando se começou a pensar, também as nossas grandes conferências latino-americanas, a Igreja no Brasil sempre teve uma relação de grande apoio, de grande interesse para com a missão na Amazônia. Isso agora cresce muito mais, é claro, e o Sínodo será uma força maior, nova. Mas como foi dito também nesta ocasião, hoje a Amazônia está dentro das grandes atenções, certamente do mundo inteiro, da Igreja e do mundo. Porque a Amazônia é fundamental para a saúde do planeta, do futuro do planeta.