Ainda hoje quando alguém se engasga as pessoas costuma repetir “São Brás, São Brás”, dando-lhe algum tapinha nas costas. A invocação espontânea, em alguns casos, desconhece a origem desta expressão, muito ligada à devoção a São Brás, bispo, médico e mártir da Armênia, que se tornou conhecido por realizar curas na garganta.
A memória litúrgica facultativa de São Brás, bispo e mártir, é celebrada dia 03 de fevereiro recordando, o dia do seu Martírio. As informações históricas da vida deste santo são escassas. Segundo o bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Armando Bucciol, há documentos que falam dele a partir do século IX.
Seu martírio, contudo, aconteceu no século IV, no ano de 315, nas lutas entre os imperadores Constantino e Licínio. Brás foi médico e bispo na Armênia. “O religioso foi preso pelos romanos e depois de vários tormentos, não querendo renegar a sua fé em Jesus Cristo, foi decapitado”, lembra dom Armando.
A devoção popular a este santo, segundo dom Armando, é grande desde a antiguidade e é ligada a numerosas curas alcançadas por sua intercessão. Em sua cidade natal, onde foi bispo, recorda-se de maneira especial a cura realizada, enquanto estava preso, de um menino que havia engolido um espinho de peixe que ficou preso na garganta. Este fato tornou São Brás ligado a intercessão pela dor de garganta. Por isso, em muitos lugares existe a “Bênção da Garganta” (veja texto abaixo) feita com duas velas unidas e colocadas no pescoço das pessoas.
As velas abençoadas no dia anterior, na Festa de Apresentação do Senhor, segundo dom Armando, podem ser usadas para esta bênção e representam todo o belo simbolismo da luz de Cristo, que ilumina a todos, com sua vinda e sua palavra, como reconheceu o velho Simão, ao acolher o menino Jesus em seus braços.
Dom Armando ressalta que existe também uma benção especial para as velas de São Brás para recordar que o santo pediu uma vela a uma mãe que o socorreu na prisão levando-lhe comida.
Alguém pode perguntar: hoje em dia com o progresso da medicina tem ainda sentido esta bênção e pedir ajuda a um santo contra a dor de garganta? O bispo adverte que é preciso ver, nesta devoção, valores e limites da piedade popular. “Antes de tudo não devemos cair na ‘magia’ e usar esta, como as demais bênçãos, como antítodo contra o mal e dispensar as curas médicas.
Por outro lado, diz dom Armando, quando estes gestos são vividos de forma bela e pura ajudam a colocar nossa vida, tão frágil e fragilizada, nas mãos de Deus, busca que sempre nos deve conduzir a fazer a sua vontade, reconhecendo que Ele é nosso Senhor e salvador.
O religioso reforça que as orientações dos livros litúrgicos da Igreja pedem que toda bênção seja precedida pela Proclamação da Palavra afim de evangelizar todo gesto e para torna-lo, até o mais simples, expressão de fé e da vontade de viver a Luz e o Amor pascal de Cristo.
“Os ritos, que chamamos de sacramentais, visam unir a vida cotidiana, com suas pequenas mas significativas e às vezes duras realidades, ao Espirito do Senhor que veio transformar, com sua presença, todas as realidades terrenas. Portanto, também a bênção de São Brás, se vivida na fé e na entrega confiante à proteção Divina, adquire pleno sentido”, concluiu.
Benção de São Brás:
“Por intercessão de S. Brás, Bispo e Mártir, livre-te Deus do mal da garganta e de qualquer outra doença.
Em nome do Pai + e do Filho e do Espírito Santo. Amém”.